sábado, 10 de janeiro de 2009

Prisão de Paulo Maluf

PALMÉRIO DÓRIA A do Maluf talvez seja a prisão mais emblemática, você pega o político.
Tem uma história pesada, a sociedade paulistana se identifica com o modo politico, o "rouba mais faz". O Ministério Público vai à Policia Federal em 2001 procurar o delegado que vem de Foz do Iguaçu, "temos um expediente aqui e queremos o delegado Protógenes". Foi produzido um volume de informações, uma sala de documentos. Pedimos quebra de sigilo bancário internacional. Demorou uns três anos, chegou em 2004. Um marco, nenhum paraíso fiscal manda informação. A Suíça foi a primeira. O marco foi o 11 de setembro de 2001, os atentados. Há uma nova ordem financeira internacional. Ele tem dupla cidadania, brasileiro e libanês. E a cada ano vivia oito ou nove meses no Oriente Médio. Um mês em Paris. E quando chegaram os documentos no início do governo Lula, o Márcio Thomaz Bastos [ministro da Justiça] cria um departamento chamado DRCI [Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional]. Os documentos vieram bagunçados. Fora de ordem, faltando. Quer dizer, um departamento que era para facilitar a recuperação de recursos ilícitos, dificulta. Antes tínhamos contato direto com as autoridades internacionais, hoje vai ter contato com esse departamento. Já entrei em choque. Só tive uma reunião com esse departamento. O diretor hoje advoga para um dos escritórios que advoga para o Daniel Dantas. O dono foi procurador da Fazenda, Madruga e tinha uma procuradora também, chamada Vani. Na primeira reunião queriam ditar regras e normas na investigação do Maluf. Eu disse "vocês recepcionaram documentos e bagunçaram, vou apurar responsabilidades". Esse departamento foi criado para dificultar. Comecei a traçar estratégias para prender o Maluf. Descobri o doleiro, Vivaldo Alves. Mexia no fio do telefone dele, mulher, filho, de mais doleiros, "se tiver uma relação de confiança com o Maluf, a primeira pessoa com quem vai gritar é com o patrão". Não deu outra.

PALMÉRIO DÓRIA Grampo? 
Exatamente. O Flávio Maluf foi quem começou a cair, telefone de uma empresa, se não me engano de alimentação. .E o Maluf cai justamente na corrupção. Propina ao doleiro, para mentir na investigação.  Só que no grampo também cai a juíza que determina o grampo. Na interceptação, dizia-se "fala com aquela senhora, da segunda o, vara", e no dia seguinte tinha um despacho dela obstruindo o trabalho. Falei com o procurador, ''vou prender essa mulher", e ele, com temor, fala para ela. E me disse. Quando ele falou para ela, ela fala para o Maluf. Quer dizer, para o  advogado do Maluf, o José Roberto Batocchio. Ela chama o Batocchio no gabinete, à noite. Batocchio sai de lá às dez da noite.  No dia seguinte vai à superintendência, pedindo medida cautelar,  "quero vistas da interceptação que o senhor está fazendo contra fi meu cliente". Olhei para ele, "sinto não poder". "O senhor vai cumprir sim." "Não vou! Fale para o seu patrão, e para a doutora Silvia, sua  amiga particular, que ela venha ao  meu gabinete me obrigar a cumprir essa ordem judicial." ''Vou representar contra o senhor, o senhor é louco." ''Represente muito "O bem. Se não, vou representar contra o senhor também. Agora, minha representação o Brasil vai conhecer." Ele saiu louco da vida. E trato de fechar a operação. Já tinha vazado. Mandei o relatório para ela, pedi a prisão preventiva do Maluf e do  Celso Pitta. Ela ficou nervosa.

MYLTON SEVERIANO Tinha que ser com ela.
Ela pega uma cópia do relatório e entrega je para o Batocchio. E o Batocchio chama jornalistas. A Lilian Christofoletti, da Folha de São PauL0, e Fausto Macedo, do Estadão, salvo engano. Dois de confiança, para divulgar. Mandei recado para o procurador, "fale com a doutora Silvia, ela tem que decretar a prisão do Maluf, se não vou prendê-la, o nome da senhora está no grampo". Foi uma agonia para que ela decretasse a prisão. Ela decreta. E sai de férias.

MYLTON SEVERlANO Decretou de todos que você pediu?
Não. Ela não decreta a do Pitta. Só do Maluf e do filho. Falei "um dia vou buscá-la".

WAGNER NABUCO Mas por que, em geral, o furo é da Globo?
O furo só reconheço se for bom pra sociedade. A Thais Oyama. da Veja, teve um furo que  furou meus olhos. Foi a máfia do apito. Ela destruiu um trabalho E o que mais doeu foi que me disse "sua investigação vai ser matéria de capa e vender 150 mil revistas". "Thais, descobrimos corrupção, tem jogadores envolvidos, árbitro, dirigente. Tenho consolidada a fraude na arbitragem, não tenho a fraude nos atletas e nos dirigentes." "Não interessa! Já está fechado." Quando é na sexta já está na internet. Os bandidos fugiram. Não se pode fazer isso.

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